“É preciso ter esperança. Mas tem de ser esperança do verbo esperançar. Por que isso? Por que tem gente que tem esperança do verbo esperar. Esperança do verbo esperar não é esperança, é espera.” - Paulo Freire, educador, escritor e filósofo.
Um dos grandes desafios que os gestores dos programas de voluntariado enfrentam é lidar com as expectativas, com o que esperam e esperançam quando pessoas buscam uma oportunidade para voluntariar. Muitas vezes é a experiência de voluntariado mal gerenciada que leva os voluntários a desistir. Nem sempre é fácil: quantas vezes o voluntário termina a sua atividade frustrado, desanimado e se sentindo insatisfeito. Por outro lado, quantos líderes e gestores se desapontam com o voluntário, mesmo tendo realizado processo de seleção e treinamento. A prática do voluntariado deve fazer as pessoas felizes, realizadas, satisfeitas com as atividades que praticam, com os resultados obtidos, com o relacionamento com os envolvidos e a organização. Mas muitas vezes isso não acontece. Não é falta de comprometimento ou entusiasmo, mas sim uma má gestão das expectativas e um alinhamento sobre o que cada um espera do outro.
Voluntários representam recurso relevante e importante para as organizações e para a sociedade. São necessárias algumas práticas de coordenação e gerenciamento para envolver voluntários com eficiência e garantir um relacionamento significativo e mutuamente benéfico.
- Será que todos os voluntários que chegam e passam a fazer parte do programa de voluntariado da organização tem uma profunda compreensão do que ela realiza, para quem são as ações e o resultado da participação de cada um deles?
- Será que a organização tem clareza das reais oportunidades que deve criar de participação, esclarecendo junto com todos essas expectativas?
- Será que os voluntários estão bem preparados, instruídos, orientados, esclarecidos sobre o que farão, sobre os grupos aos quais pertencerão e sobre os desafios de adaptação as demandas e desafios que possam aparecer?
- Será que os voluntários estão cientes do compromisso assumido, das responsabilidades inclusive formalizadas pelo Termo de Adesão ao Voluntariado?
Seja o que for que o voluntário espera, seja qual for a motivação que o traz, é um compromisso de quem o convidou para fazer parte e o está recebendo que essa seja uma atividade positiva e gratificante.
Pode-se “fazer o bem” de várias formas, de muitas maneiras diferentes: um pequeno gesto de bondade, uma gentileza ou um momento de ajuda para alguém. Mas quando a escolha é participar de um programa de voluntariado há muito mais envolvimento, expectativas de compartilhamento de conhecimento, doação de um determinado tempo, desejo de se sentir bem e mais feliz. O voluntário não espera apenas, ele tem esperança de viver uma experiência única e especial. Ele quer ter um forte sentimento de pertencer a algo maior, de ser reconhecido e se desenvolver pessoal, e profissionalmente. Antecipar, gerenciar, adaptar as expectativas, aquilo que esperam do voluntariado é compromisso do líder dos voluntários!
Todos querem e esperançam algo do seu voluntariado.
Esperançar é mesmo coisa de voluntários: é se levantar, ir atrás, é construir, é não desistir! Esperançar é levar adiante, juntar-se com outros para fazer de outro modo. Paulo Freire fez isso o tempo todo: nos convidando a não desistir e a sempre ter esperança.